sexta-feira, 16 de outubro de 2015

A trajetória da grande abóbora até virar pão

Como já disse nos posts anteriores, estive neste último final de semana envolvida com a exposição Cru, no Centro Cultural Banco do Brasil. Estava ajudando Neka Menna Barreto que, junto com os artistas Jorge Menna Barreto e Fernando Limberger, montou uma grande mesa de biodiversidade chamada Banquete pré-Brasil. 

Acabaram de chegar da feira
Eu carregando, Baru cheirando - ainda em Lençóis, Chapada
Diamantina
Quando estive na Chapada Diamantina em agosto fiquei fascinada com a variedade de abóboras e resolvi comprar algumas para a exposição. Acho que paguei 16 reais por ela, que devia ter uns 7 quilos ou mais. Foi uma dificuldade fazer estas abóboras chegarem intactas até Brasília, mas a maioria resistiu ao transporte. Antes disso, tivemos que arrumar carregador da feira até a casa da minha amiga Silvia Lopes, arrumar lugar na casa dela, pesquisar o meio de transporte mais barato etc. Ainda a deixei com a incumbência de embalar, continuar a pesquisa de meios mais baratos de viagem e arrumar carreto para levá-las até a transportadora. Os amigos Alcino e Yasmim, de Lençóis,  também ajudaram nesta empreitada. Já em Brasília precisaríamos ter alguém para buscar na rodoviária - e isto foi providenciado pela produtora Fábia. Estava receosa de não encontrar todas as abóboras, mas especialmente com medo de perder a maior de todas - esta que aparece na foto acima, junto com as melancias, ainda na feira. Em Brasília me disseram que se chama "abóbora-jacaré" por causa da casca.  Para minha alegria, esta resistiu. Perdemos umas duas apenas, as da casca verde.

Fernando Limberger concebeu uma linda mesa - na verdade, um tablado - com todas as espécies nativas que encontramos com a ajuda de muita gente do Brasil todo. A exposição, que teve intervenções da Neka, com feitio de paçoca em pilões, ralação de mandioca, preparo de beijus, salada de frutas, mingau etc, durou apenas um dia e no final quem quis levou pra casa o que conseguiu carregar da  grande mesa. 

Acabei de partir, lá em Brasília - uma semente já germinava!
Esta metade ficou dando sopa e eu a trouxe comigo
A grande abóbora, tirei logo de cena e parti ao meio para ao menos compartilhar as. Muita gente levou. Porém uma metade da grande abóbora foi ficando, ficando... Quando eu já estava indo embora, na ausência de manifestações de querência, a carreguei comigo. Não havia saco que a abrigasse. Então, apenas cobri com um pano e coloquei na mala emborcada nas roupas - danem-se as roupas, pensei. Chegando, a dificuldade foi acomodá-la na geladeira. Mas deu tudo certo. 

Pães para os vizinhos

No outro dia, virou spätzle, purê, assada (depois eu mostro). E ontem, virou pão. Aliás, já tinha feito uns pães com ela assim que cheguei, mas errei a regulagem do forno e eles não cresceram muito. Ficaram gostosos e nutritivos, no entanto,  e já perguntei para os vizinhos quem quer - levantaram as mãos, mesmo sabendo que estão meio errados. 

E estes também já têm destino
Ah, sim, a receita do pão:  Fiz como aqueles de abóbora que já mostrei aqui, porém uma dica a ser observada no caso dos pães com abóboras é que você deve sempre fixar a quantidade de farinha e ir completando com água aos poucos, pois dependendo da umidade do seu levain e do próprio legume, talvez nem precise de água. Neste caso, não usei. Veja o modo de fazer lá nos outros pães, pois só mudei um pouco as proporções. Aqui está: 

300 g de levain, 700 g de purê de abóbora, 700 g de farinha de trigo orgânica, 17 g de sal




4 comentários:

Cabeça de Frade disse...

Neide, eu carreguei um mandacaru da Bahia pra Minas, na mudança (conto um pouco aqui: https://cabecadefrade.wordpress.com/2015/09/29/herbarium-001-mandacaru-cereus-jamacaru) mas levar uma abóbora ABERTA, NA MALA de roupas!!! só tu mesmo!! aproveito para dizer que amo teu blog, tuas dicas sobre plantas e as receitas que tu compartilhas. muito obrigada!!

juliana disse...

Já te disse que sou sua fã?
<3

Vera disse...

Neide,
Seu blog é imperdível, além das receitas e das lindas fotos, excelentes histórias!

Senti falta na foto das abóboras da brasileirinha, teria ficado lindo.
http://come-se.blogspot.com.br/2013/03/abobrinha-verde-e-amarela.html

Esta semana lembrei-me de você, as mangueiras aqui da Prefeitura estão carregadas de mangas verdes, mas ainda pequenas.

Estou esperando a hora certa de colher e fazer novamente a torta e a geleia.
http://come-se.blogspot.com.br/2013/01/manga-verde-torta-de-manga-verde-coluna.html
Abraços!
Vera

marcia furlaneto disse...

Ai,ai,ai,ai,queria ser tua vizinha...pois tudo que você faz é de encher a boca de água e os olhos.....parabéns!