sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Comida para gato. E pra cachorro

Patê de figado Korin, berinjela, cenoura e ervas. Pra gato, cachorro e gente
Dendê já vinha comendo comida há algum tempo. No começo até fiz degustação de ração - quando ela chegou comprei 8 marcas diferentes pra ver com qual se daria melhor. Escolheu a mais cara, gostava de início, mas logo enjoou. Comecei a tirar a ração aos poucos, misturando-a com comida, até eliminar de vez. 



Fora comida, Dendê não dispensa banana, que sabe descascar, couve etc
Recentemente recebemos de presente lá na porteira do sítio um saco de plástico com boca amarrada contendo um casal de gatinhos. Gente ruim. A caseira ouviu os miares, soltou os filhotes e eles ficaram por lá. Nunca tinha tido gato, nem muito jeito com eles, mas logo demos nomes - biju e tapioca, e o adotamos como membros da família, que no entanto são tratado como gatos, que caçam ratos e aranhas, que andam pelo mato, que dão piruetas, brincam de esconde-esconde e ensaiam botes,  como qualquer felino. 

Tinha que resolver a questão da comida. A caseira já tinha seu próprio gato, estes eram nossos e teríamos que providenciar comida. Fui comprar ração para gatos e me deparei com uma profusão de ofertas, todas elas contendo umas porcarias de ingredientes, sojas e o escambau, todas contendo o tesinho aprisionado em triângulo, símbolo dos transgênicos. Que porra é esta?, pensei. Não vou comprar esta merda, com rótulo cheio de convencimento, como se não fosse possível alimentar nossos bichos independente destas indústrias de ração. Já bastam todas as necessidades que as indústrias nos impõem. Mais esta, não. 

Imediatamente tive a ideia de comprar carne, arroz integral e legumes e fazer uma comida decente para os bichinhos. Está certo, sou nutricionista de gente, não fiz nenhuma pesquisa para descobrir as necessidades nutricionais dos gatos, nem cálculo da dieta que eu faria  (isto não é difícil, só não tive tempo ainda), mas arrisquei assim mesmo. Achei que teria que ter carboidratos com fibras - por isto pensei em arroz integral, proteínas das carnes, vitaminas e minerais, dos vegetais.  E assim foi feito. 

Compro fígado da Korin, no Mercado da Lapa, arroz integral, berinjelas, cenouras (sei que os gatos não convertem betacarotenos em vitamina A, mas podem aproveitar outros nutrientes do vegetal e tem as carnes como fonte deste  nutriente).  Cozinho tudo junto com ervas e um tico de sal e gordura. O que falta, os bichos completam com ratinhos, aranhas e besouros (a casa no sítio agora é limpa deles).  Deixo esfriar, modelo em pequenas porções numa xícara e congelo em aberto. Guardo depois de congelados em recipiente bem fechado e deixo no freezer lá no sítio, para a caseira ir retirando aos poucos.  Uso a fórmula de 1 kg de arroz, 1 kg de carne e 1 kg de vegetais variados, que podem ser folhas feias de alface da horta, cenouras, berinjelas, beterrabas. E coloco temperos como folhas de manjericão, mentruz, salsinha etc.  Agora tenho colocado a comida em potes de plástico com comida para dois dias para os gatos. A caseira vai tirando do freezer aos poucos e deixando na geladeira. 


Tapioca, a siamesoide, e Biju. Pelos saudáveis e ânimo para brincar e caçar
Foto: Mônica Manir

Às vezes uso carne-moída, outras, carne de pescoço moída, às vezes faço patê de fígado para misturar ao arroz com legumes. Na hora de dar a comida, é só chamar psi,psi,psi e eles vêm voando, pulam no meu ombro, derrubam a vasilha, ficam enlouquecidos. A Dendê também, que come da mesma comida. Não deixam nada no pote.  E se qualquer outra pessoa quiser comer, também vai gostar. O patê de fígado com berinjela e cenoura, por exemplo,  ficou uma delícia no nosso pão. Tenho este trabalho a cada quinze dias, mas vale a pena. 

Já me perguntaram se os bichos não enjoam, se não deixam no prato, que gatos são enjoados pra comer etc. O que vi acontecer é deixarem a ração para irem comendo aos poucos. E vendo como os bichos pulam em cima da comida quando vou alimentá-los, só posso concluir que só comem ração para não morrerem de fome. O mesmo acontece com a Dendê. Se tem ração, ela olha, faz cara de decepção,  vira de costas e vai embora. Só volta quando não aguenta mais de fome.  Coisa monótona é ração.  

Ainda que a falácia do apelo para ração equilibrada para bichos fosse verdadeira, de que valeriam todos os cálculos nutricionais se os gatos do mato comem ratinhos e tanta coisa mais?  E se a alimentação equilibradíssima tem o propósito de se conseguir vida saudável e eterna, de que valeria a longevidade sem alegria e prazer, ainda que seja para os bichos?  E se gatos e cachorros têm paladar e olfato tão apurados, porque os torturamos privando-os de boa comida?  Tristeza também faz adoecer. A Dendê, por exemplo, adora abacate, laranjas, couves, polpa de baru e, claro, pão de queijo, queijo, peixe, carne etc. Se ela tiver oportunidade, surrupia na maior cara de pau.   

É isto aí. Que tal fazer a comida dos seus bichos? Eles não são apenas fofinhos bichinhos de pelúcia a quem damos corda, ops, a porra da ração,  para nos alegrar. Eles também merecem ser feliz e é sempre prudente continuarmos a boicotar transgênicos - que estão a serviço de outros interesses que não os de suprir nossas necessidades. 

Aqui vão algumas fotos para verem que não tenho fórmula fixa. Nem você precisa ter, mas se encontrar uma, pode acreditar que ainda assim seus bichos não a acharam monótona e estarão comendo melhor e com mais prazer.  


Este fiz em partes: cozinhei arroz integral com legumes e folhas murchas da
horta; cozinhei carne moída e de frango, temperada com urucum, cúrcuma
e ervas. Depois misturei tudo. 

Esta com arroz, carne moída e cenoura. Congelei em aberto. 

O patê de fígado fiz cozinhando fígado de galinha, berinjela, pimentão,
manjericão. 
Depois de cozidos, triturei tudo no processador de alimentos
Enformei num recipiente plástico, gelei, desenformei, cortei, congelei
Depois de congelados, guardei os cubos em recipiente com tampa e deixei
no freezer, para misturar com arroz e legumes na hora de servir

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Expedição pitadas. Doces goianos

Compotas de limão, abóbora e figo com pingo (meu prato)
Se quiser saber mais sobre esta viagem a Goiás, leia de baixo pra cima as postagens anteriores: 

http://come-se.blogspot.com.br/2013/08/expedicao-pitadas-banquete-na-cidade-de.html
http://come-se.blogspot.com.br/2013/08/expedicao-pitadas-restaurante-porto.html
http://come-se.blogspot.com.br/2013/07/mala-cheia-de-goiania.html

http://come-se.blogspot.com.br/2013/08/expedicao-pitadas-em-goias-restaurante.html
http://come-se.blogspot.com.br/2013/08/expedicao-pitadas-feira-do-ateneu-em.html

Nas feiras, nos mercados, nos restaurantes, nas casas ou na rua, o doce nunca tarda. Mal acabou a refeição de sal e ele aparece com muito açúcar, brilho, gosto de leite, de ovos ou de frutas. Entre o almoço e o jantar, assim, meio fora de hora, ele também aparece na forma de pastelinhos - uma tortinha doce recheada de doce de leite.  No café da manhã, bolinhos de arroz como muffins quentes, melhores que cup cakes. No prato de doces, às vezes vem só um, muitas vezes é um prato composto, em cores e texturas variadas. Compotas, confitados, cítricos, apurados. Goiano gosta de doce. Eu, nem tanto, mas me rendi àquelas delícias como o pingo, doce de leite escuro como brigadeiro, o limãozinho galego recheado com doce de leite, o figo em calda, a compota de casca de laranja, a ambrosia, o curau, o doce de buriti e a goiabada pra comer com requeijão moreno. Aqui, uma pequena mostra de sacarose na veia. Veja mordendo um naco de bacalhau não dessalgado e, quando puder, prove de todos.

Doces e compotas do restaurante Popular 



Curau e bolinho de milho

Frutas e abóbora confitadas e limãozinho recheado 

Doces da feira - figo e doce de leite 


Banca de doces na feira do Ateneu

Doces trazidos pela Tânia Bastos - figo, abóbora, limão

Compota de limão - ou era de lima?

Pingo - leite, açúcar, fogo e paciência

Compota de limão

Ambrosia e laranja

No Mercado Municipal  de Goiânia

Doces no Mercado Municipal de Goiânia

Requeijão moreno e goibada, Mercado Municipal de Goiânia


Rapadura e doce de buriti, na feira do Ateneu

Pastelinho da cidade de Goiás (da Rita de Cássia do Rosário)

Rosas de coco da dona Augusta, da cidade de Goiás

Confeitos de amendoim, da dona Augusta

Bolinho de arroz, da Inês, da cidade de Goiás

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Expedição Pitadas. Banquete na cidade de Goiás ou Goiás Velho

Comida à mesa para toda a gente  - de tênis, de salto alto, de pés no chão
Se quiser, leia as postagens anteriores sobre esta viagem a Goiânia: 

http://come-se.blogspot.com.br/2013/08/expedicao-pitadas-restaurante-porto.html
http://come-se.blogspot.com.br/2013/07/mala-cheia-de-goiania.html

http://come-se.blogspot.com.br/2013/08/expedicao-pitadas-em-goias-restaurante.html
http://come-se.blogspot.com.br/2013/08/expedicao-pitadas-feira-do-ateneu-em.html

Como disse antes, a expedição a Goiás não terminou. Ainda há muito o que falar. Talvez não consiga, à medida que vou me distanciando,  escrever com a emoção ainda à flor da pele, mas ainda a carrego comigo e não quero deixar de mostrar tudo o que Goiás nos ofereceu naquela expedição, graças aos nossos gentis anfitriões, como foi o caso de Caio Jardim, na cidade de Goiás. 

Caio é dono de um charmoso restaurante em Goiânia, o Panela Mágica, e tem uma ampla casa em estilo colonial na cidade de Goiás,  afastada do centro da cidade a apenas alguns passos, suficientes para sentirmos a calma do campo. Ele é um verdadeiro embaixador da comida goiana, nos levou para conhecer personagens e comidas importantes da cidade de Goiás e mantém sua casa com portas sempre abertas ao padre, ao político, à cozinheira, ao compadre, ao cantor, ao poeta. E a quem quiser chegar para compartilhar o banquete goiano à mesa.  Em dois momentos, em sua casa, conseguiu reunir os melhores cozinheiros e doceiros da cidade, que chegaram com ou mandaram entregar seus empadões,  pastelinhos,  docinhos de limão recheados, bolinhos de arroz, rosas de coco etc. Fora tudo o que ia saindo de sua própria cozinha pelas mãos de três exímias cozinheiras que estavam ali para nos oferecer do bom e do melhor.  Biscoitos de queijo, arroz, tutu, farofa de banana, lombo de porco e tanta coisa que nem me lembro mais. Fomos, Mara Salles, Ana Soares e eu,  tratadas com requintes de gentileza e atenção. 


Deixo aqui algumas fotos para atiçar a curiosidade de conhecer a cidade e comer tantas delícias. E ainda tem o bolinho de arroz, que é assunto para outro post.  

Casa de Caio

Em frente à casa de Caio - uma vila como num sonho

Pastelinhos (tortinhas recheadas com doce de leite)

Biscoitos de queijo - crescem no óleo quente

Caio finalmente descansando um pouco

A chegada dos empadões recheados com gueroba etc
Rosa de coco da dona Augusta 

Para os mais contidos, legumes cozidos apenas com sal e azeite, cobertos
por papel alumínio -  para os mais contidos, e que estavam tão bons
que todo mundo devorou

Os limõezinhos recheados chegaram pra sobremesa

As cuias de assar empadas são de cerâmica 



O mercado da cidade da Goiás é lindo, mas esta neste estado lastimável

A cidade de Goiás
A cidade de Goiás

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Um olhar sobre Piracaia

Folhas do alho 

Quinze dias que fico sem ir a Piracaia e tudo se modifica no nosso pedaço de terra. As folhas de alho estão crescidas e alinhadas como um canavial, as cabeças de repolho estão quase se fechando, os pés de alface estão vermelhos como rubi e o pé de ipê amarelo se encheu de flores para nos receber. 

Os amigos Carlos e Mônica chegaram a tempo de ver o por do sol, de plantar helicônias e estrelitzias que foram buscar pra mim na casa da leitora Nádia em Rio Claro, de assistir ao por do sol e apreciar o nascer da lua enquanto a fogueira ardia. E Carlos andou 30 quilômetros de bicicleta no outro dia cedo, Marcos e ele fizeram balanço na árvore, Mônica debulhou sementes de mostarda que eu usei no curry de frango caipira. E deu tempo ainda de repousar os olhos no horizonte que só acaba quando esbarra na montanha lá longe depois do espelho azul. O leitor Fábio Metello, tendo já pedalado uns 15 quilômetros a partir da cidade,  resolveu dar uma paradinha para uma prosa, um descanso e um copo d´água.  O tucano barulha como pato, o gavião passa assustando a bicharada miúda, a gata tapioca comeu um camundonguinho fofo, o  sabiá canta longo e triste, o tempo passa rápido, e aqui estamos nós de novo no asfalto e na correria de sempre. Por isto, agora e talvez amanhã só vou enrolar com fotos.  Hoje tem conversa sobre plantas alimentícias não convencionais na livraria Cultura,  e amanhã, uma apresentação na faculdade de nutrição da USP. Depois tudo volta ao normal. Espero. 

As flores de ipê nos esperaram

Amigo Carlos plantando

Broto de alface roxa

Flor da alface mimosa

Flor de brócoli

Projeto de abacaxi

Alface vermelha, cenoura e couve 
Alface bariri - sementes doadas pela leitora e amiga Juliana Velentini

Mônica debulha mostarda

Um trabalhão pra quase nada

Um tanto pra plantar, outro tanto pra panela


Pra fazer curry de frango (com hibisco)