terça-feira, 26 de abril de 2011

Minhas caixinhas de abelhas jataí




Antes de ler o post, se quiser saber o que já falei sobre mel de jataí, veja aqui
Sobre a composição do mel de jataí, há um bom artigo aqui.  

Como comecei a falar ontem, neste feriado fui a Porto Alegre me despedir dos amigos Rui, Mariângela e Laurinha e trazer para São Paulo a melhor herança que eles poderiam me deixar antes de se mudarem de mala, forno, torno e cuia para Barcelona. Claro, a melhor herança é aquela sensação indestrutível de amizade e os bons momentos passados juntos que ficam impregnados nas células e na alma para sempre, mas ficar com as abelhas mansas, amarelas de sapatinhos, que eles tanto estimam, é como ficar com um pedaço imortal da família João-de-Barro.

Marcos voltou de avião e eu fiquei para acompanhar as abelhas que foram acomodadas em caixa de papelão ventilada, sem que ninguém soubesse que ali viajariam milhares de seres vivos talvez também apreensivos com a mudança.  Já eu, estava muito mais que apreensiva pois não encontrei nenhuma regulamentação sobre  transporte de animais que discorresse especificamente de abelhas nativas sem ferrão e já domesticadas. Como sabíamos também que as abelhas mansas não colocavam ninguém em risco, não foram extraídas da natureza,  que é um tipo de abelha encontrada em todo o Brasil, que já tinha viajado de ônibus de Santa Rosa pra Porto Alegre e que dorme quando está escuro e fresco, ficamos tranquilos quanto a tudo isto, mas ainda assim fiquei apreensiva durante as 18 horas que durou a viagem. Rui fechou o tunel de entrada das caixas com tela para ventilar e impedir a saída. Deu certo. 

De Porto Alegre para São Paulo
Assim que cheguei, já fui acomodando as caixinhas em local sombreado e em frente a uma cerca de flores. De vez em quando vou olhar pra ver se estão voando ao redor. Estão. 

Não podia, no entanto, sair de lá sem saber o que fazer com a casa das minhas novas companheiras. Por isto, antes de acomodar as caixinhas, Rui abriu uma delas e ensinou como extrair o mel sem incomodar as abelhas. Agora já sei mudar de caixa, tirar o mel, o pólen e, sorte das sortes, identificar uma rainha que, para fins didáticos, estava por cima quando descamamos a parte mais clara da colmeia. 


Para quem quer começar a criar também, saiba que não pretendo ser criadora comercial, que estas abelhinhas darão pouco mel, que não tenho intenção de vender, que vou mexer nelas apenas uma vez por ano, que conheço um meliponário profissional que poderá lhe ajudar caso queira ter algumas caixas na sua varanda (http://meliponariocapixaba.blogspot.com) e que tudo o que sei é o que escrevi nos posts linkados lá no início deste texto e o que acabei de aprender com o amigo Rui sobre o manuseio das caixas. Que divido agora com você.   


Veja o passo-a-passo:

Rui abre a parte de cima da caixa 
Retira uma camada de cera que recobre a colmeia

No meio da caixa um círculo mais claro. Fica aí o "edifício" feito em camadas cheias de ovos 
Ao redor do "edifício de trabalho", capsulas com alimento: algumas com polén  e outras com mel 
Descamando um pouco o "edifício", nossa sorte: vimos a rainha trabalhando, camada sobre camada com casulos de ovos
O que se faz é preservar o "edifício" e descolar com faca grandes pedaços ao redor, onde estarão mel e pólen
      
Agora é só separar os potinhos com pólen e os que tem mel - para extrair, é só passar em espremedor de batatas ou ir tirando com colherinha. Por último é bom passar por peneira fina, colocar em vidro e guardar na geladeira

Laura e eu brincamos de fazer potinho com a cera.
Abaixo, o pólen passado por peneira


25 comentários:

Flávia Amaro disse...

Você arrasa mesmo, até com abelhas foi se aventurar. Adoro!!!

Mariângela disse...

Neide,ficou ótimo o post,e a foto da rainha está mesmo muito legal,que sorte ! Fico feliz que as abelhas ficaram com vocês e que estão em ótimas mãos,só não faça como o Rui,que nunca tirava o mel,para deixar para elas..beijo!

Luiza disse...

Estou aliviada e feliz em saber que vocês chegaram bem em SP.Mas,em companhia de uma rainha
não poderia ter sido diferente.
Abraço,
Luiza

Anônimo disse...

Obrigada por mostrar esta coisa tão linda! A gente se encanta tanto que dá mesmo pena de tomar das pequeninas o que elas fabricam para si, o Rui tem razão. Só a presença delas já é um presentão. Felicidades com suas novas mascotes.
Gilda

Marisa Ono disse...

Ai, eu entendi tudo errado. Pensei que tinha pego só o mel, veio a caixa inteira!

Neide Rigo disse...

Mari, um pouco pra elas, um pouco pra mim. Senti-me muito lisonjeada com esta herança.

Luiza, nem me fale!

Gilda, só um pouquinho, sem traumas.

Marisa, pois é, a mudança completa.

Um abraço, N

Lidia disse...

A-do-rei ver a foto com a rainha e os ovos!!!!!
Temos duas colméias aqui no quintal, mas as danadinhas fizeram seu "condomínios" muito bem escondidos em frestas sob duas varandas e nunca provaremos o mel dessas lindinhas que abelham as flores da caramboleira, das minhas pimenteiras e das outras flores do quintal (incluindo as não comestíveis).
Bjs, Lidia.

David Ramos disse...

Oi Neide minha mestra!!
Nossa, eu sou simplesmente fascinado por Jatais e tambem pelas 'Torce-Cabelos', adoro ver as colmeias das "meninas", Tambem tem uma outra que desconheço o nome, parece muito com a Jatai só que ela geralmente faz a colmeia subterranea nos pés de arvores grandes.
Nunca tive muita sorte em transferir colmeias, mas tambem fui meio que irresponsável fazendo por conta própria. Resolvi nunca mais molesta-las.
Adorei que vc conseguiu e que agora elas pertencem a sua casa, ou sua casa pertence a elas?

Beijos Fessora!

Anônimo disse...

Neide as fotos ficaram lindas , mas fala serio a da rainha ficou 1000 coisa rara e bela beijos Denise

Neide Rigo disse...

Lídia, você tem sorte!

David, eu jamais me atreveria, mas tem muita gente que entende do assunto por aí. Quem sabe um dia consegue ter também uma caixinha.

Denise, fiquei emocionada quando vi a rainha.

Um abraço, N

Daniel disse...

Ótimo post
Também faço parte do club
temho duas dessas menininhas

Vai a dica
A forma que você está extraindo o mel é muito danosa a colmeia.
da uma olhada nesse link uma bomba manual de sucção de mel sem ter que danificar os potes de mel
http://www.ame-rio.org/2011/02/extrator-manual-tampinha-milagrosa-by.html

A colmeia gasta muita energia para fazer a cera estima que para cada grama elas gastam de 4 a 5 gramas de mel.

Com essa bomba você suga o mel e deixa o que não vai utilizar para a colmeia como cera e polem, e elas passam a produzir mais, que é o que queremos :).

No site tem muita informação tudo que sei sobre essas meninas aprendi lá.

Abraços

Neide Rigo disse...

Daniel, que ótima dica. Vou segui-la quando for extrair o mel. Obrigada, um abraço, N

José Halley Winckler disse...

Olá Neide,
Gostei muito dessa matéria, também pudera, ela fala sobre uma das coisas que mais gosto, abelhas sem ferrão.
Fiquei muito contente em saber que agora você também tornou-se criadora, adorei ver a matéria: "Uma 'fazenda' de 12 m² e 52 espécies 'úteis'" no Paladar de 15/11/2011 e sua foto examinando as caixas de jataí.
Mas eu preciso falar uma coisa para você, é preciso tomar um pouco mais de cuidado quando for remover o invólucro que recobre o ninho (a operação de descamar). Se você prestar atenção na foto onde aparece a rainha, dá para ver um dos discos de cria dobrado, precisamos tomar cuidado para não deixar isso acontecer, pois dessa forma perdemos uma grande quantidade de futuras abelhinhas. Para remover o invólucro, precisamos puxar sempre para o lado, nunca para cima, assim, se o disco estiver colado na lateral, evitaremos de dobrá-lo ao puxar.
Já vi que ó Daniel lhe recomendou visitar o site de nossa associação: www.ame-rio.org, para conhecer uma bombinha sugadora de mel, que permite que o mel seja retirado, deixando a cera para as abelhas. No caso das Jataís, que tem os potes de mel bastante pequenos, a colheita também pode ser feita com o uso de uma seringa, assim também é possível evitar o desperdício de cera.
No nosso site você vai encontrar bastante informação sobre criação de abelhas sem ferrão e links para inúmeros sites de amigos, que também tratam do assunto.
Existe também um grupo na Internet, que só discute a criação de abelhas sem ferrão, é o maior forum de discussão sobre o assunto e tem quase 1400 membros: http://br.groups.yahoo.com/group/Abena/
Se algum dia precisar de alguma informação sobre o assunto, não exite em entrar em contato conosco, através do site www.ame-rio.org.
Ficaremos bastante contentes em receber suas visitas ao nosso site e se você vier ao Rio de Janeiro e quiser nos conhecer, ficaremos ainda mais felizes.
Um abraço,
José Halley Winckler
www.ame-rio.org
Associação de Meliponicultores do Rio de Janeiro

Doce Refúgio disse...

Olá Neide,gosto muito do seu blog.Estou pensando em montar uma colmeia no meu quintal com abelha sem ferrão e gostaria se suder me indicar onde compro completa com a rainha.Agradeço.Abraços...

Neide Rigo disse...

Doce Refúgio, veja o comentário do José Halley Winckler, com endereço do site onde pode encontrar informações. Um abraço, N

Doce Refúgio disse...

Muito agradecida querida ,vou dar uma olhada no site.Abraços..

Anônimo disse...

adorei encontrar uma pessoa como vc eu tambem conheci as jatai no meu sitio e fiquei encantada ja tenho treze caixas fui aprendendo vendo reportagens mas tenho ainda muitas duvidas aprendi fazer isca com pet e peguei varios enxames como ja sitei so consigo ver a internete qdo estou em sp pois la no sitio nao pega mas qdo estiver aqui falo com vc bjos marta laranjal paulista

Neide Rigo disse...

Poxa, Marta, já tem 13 caixas? Que inveja! Obrigada por acompanhar o Come-se ainda que eventualmente. Um abraço, N

Anônimo disse...

oi neide gostaria de ajudar quem começar pegue uma pet faça furos no fundo enbrulhe no jornal e com plastico depois preto faça um furo na tampa coloque gotas de propolis se acaso tiver uma cera de abelha seja qual for coloque em cima do furo da tampa amarre em uma arvore ou em uma varanda o lugar sendo bem aberto passara um enxame e com sorte ira entrar se colocar proximo ao um enxame melhor esta epoca da florada e otimo depois com o tempo passe p uma caixa boa sorte ate qdo voltar p sp abraços marta.

Neide Rigo disse...

Oi, Marta!
Obrigada. Eu também já dei esta dica aqui. Veja se é igual à sua: http://come-se.blogspot.com.br/2012/07/comecando-sua-criacao-de-abelhas-jatais.html
Infelizmente ainda não tive a sorte... Um abraço, N

Marta disse...

Estou em São Paulo e assim posso lhe escrever, com muita dificuldade consegui dividir duas colméias, mas deu tudo certo. Já tenho um total de 24 enchames nos últimos tempos peguei 5 e ganhei dois enchames de jataí (creio eu) negras.
Um abraço
Marta

Anônimo disse...

Recentemente uma amiga me trouxe do ES um pouco de mel, eu aproveitei a oportunidade e fiz hidromel, uma bebida alcoolica parecida com vinho. Estou procurando alguém que já tenha feito ou bebido hidromel de jataí. Sei que é praticamente impossível porque o custo seria estratosférico mas continuo curioso. Você conhece alguém?

Anônimo disse...

Olá Neide

Meu nome é Clovis, moro em São Paulo, fui estudante da USP no fim dos anos 80 e coloquei um comentário perguntando sobre hidromel de jataí.
Sou fascinado por todos os tipos de fermentação, desde pão, iogurte, vinagre, vinho, cerveja e etc. Atualmente estou muito envolvido em fazer cerveja em casa mas em breve quero fazer vinagre de frutas seguindo suas dicas. Tenho kefir, tomo todo dia e vou experimentar fazer um queijinho com ele.
Um abraço.

Neide Rigo disse...

Oi, Clovis!
Também me formei na USP no fim dos anos 80. Quanto ao hidromel, também quero fazer, mas ainda não tive a chance (e antes preciso aprender direito). Já andei pesquisando, mas preciso de mais tempo. Dá pra fazer com mel de jataí só adequando a porcentagem de água, por ser mais fluido. Mas, de fato, é mais barato fazer com mel de Apis. Se aprender antes, me conte e a gente posta sua experiência aqui no blog. Um abraço, N

Anônimo disse...

oi Pessoal! sobre o hidromel aqui em Sorocaba-SP tenho um casal de amigos que fabricam e comercializam hidromel e melomel! qualquer coisa meu contato é felipe.antunesproenca@gmail.com